Por Cláudia Zucare Boscoli |
Em uma semana em que os indicadores econômicos começaram a mostrar o tamanho da crise que se apresenta decorrente da pandemia de coronavírus, uma referência histórica vem ganhando espaço no debate econômico. Trata-se do Plano Marshall.
O programa pós-Segunda Guerra Mundial, que se tornou referência em ação governamental coordenada, vem sendo invocado por quem debate possíveis saídas para a crise.
O presidente da XP Investimentos, Guilherme Benchimol, por exemplo, pediu em recente live um Plano Marshall para o Brasil. “Precisamos de liderança, conhecimento e um nível de ambição similar ao Plano Marshall”, disse.
“O que temos até agora de estímulos é uma gota no oceano. Tem que ser um plano de verdade, os números são assustadores, o buraco é muito mais embaixo”, disse, referindo ao pacote anunciado pelo governo de R$ 147 bilhões em estímulos à economia e mais R$ 55 bilhões para ajuda às empresas e pessoas físicas.
Plano Marshall também no orçamento europeu
Na Europa, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi outra a usar a referência. Ela disse na quinta-feira (2) que o próximo orçamento da União Europeia será um “novo Plano Marshall”.
Ela afirmou que a resposta à crise precisa ser rápida, organizada e focada no longo prazo. E prometeu um plano plurianual de ações.
“Queremos moldar a estrutura financeira plurianual de tal forma que seja uma parte crucial do nosso plano de recuperação. Muitos estão pedindo agora por algo como um Plano Marshall. Acho que o Orçamento europeu deve ser o Plano Marshall que estamos estabelecendo juntos, como União Europeia, para o povo europeu”.
Mas, afinal, o que foi o Plano Marshall?
O Plano Marshall foi um programa de recuperação europeia, lançado em 1947, pelo secretário de Estado norte-americano George C. Marshall. O objetivo era reconstruir, com a ajuda financeira dos Estados Unidos, a economia da Europa Ocidental, arruinada pela Segunda Guerra Mundial.
O programa, que foi colocado em prática de 1948 a 1951, envolveu dezesseis países e estabeleceu que caberia aos Estados Unidos o controle da política monetária e fiscal dos países europeus durante o período.
No total, os Estados Unidos liberaram cerca de US$ 11,5 bilhões, em forma de empréstimos, equipamentos e abastecimento. Inglaterra, França, Alemanha Ocidental e Itália foram os maiores beneficiários.
Ao mesmo tempo em que ajudava a Europa, o Plano Marshall servia aos interesses norte-americanos de penetração no continente. Isto porque ajudava a conter o avanço do comunismo, já que o mundo vivia em plena Guerra Fria.
Em um de seus discursos na época, Marshall pregava que a recuperação dos países europeus era uma forma de garantir estabilidade e paz globais.
A ideia coincide com a opinião de Benchimol, da XP. Em sua leitura do cenário atual, se não houver maior atuação do governo, a alta do desemprego e o caos social serão uma realidade no Brasil. “O risco é o aumento do número de pessoas passando fome e no número de assassinatos nos próximos meses”, afirmou.
ORIGEM: EU QUERO INVESTIR - MONEY BRAZIL